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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A Noite do Boneco Vivo II - capítulo 2

Minha boca boquiabriu e entrei em choque. Olhei para a minha pintura, incapaz de falar.
Quando Sara viu aquilo, gritou:
- N-Não acredito nisso! - ela gritou. - Quem fez isso?
Alguém tinha pintado um rosto sorridente amarelo e preto no canto da pintura. Bem no meio do penhasco. Mamãe e papai se aproximaram do cavalete, expressões de fúria tomavam suas faces. Eles examinaram o rosto sorridente, sem seguida, viraram-se para Jed.
Jed caiu na gargalhada.
- Você gostou? - ele perguntou, inocentemente.
- Jed... como pôde! - Sara explodiu. - Eu vou te matar! Vou sim!
- A pintura estava meio sem graça - Jed explicou num encolher de ombros. - Queria dar uma vida.
- Mas... mas... mas... - minha irmã estava estuporada. Ela cerrou os punhos, jogou-os em Jed, soltando um grito de raiva.
- Jed... o que você fez no quarto de Sara? - mamãe perguntou.
Sara não gosta que pessoas entrem no seu quarto sem um convite por escrito!
- Rapazinho, você sabe que nunca teve permissão para mexer nas pinturas de sua irmã. - papai repreendeu.
- Eu posso pintar também - Jed respondeu. - Eu sou um bom pintor.
- Então faça suas próprias pinturas! - Sara retrucou. - Ao invés de vir aqui e estragar minha arte!
- Eu não estraguei - Jed insistiu. Ele estava zombando de Sara. -, eu tentei ajudar.
- Não ajudou! - Sara gritou com raiva, jogando o cabelo preto por cima do ombro. - Você arruinou a minha pintura!
- Sua pintura fede! - Jed rebateu.
- Chega! - mamãe gritou. Ela agarrou Jed nos ombros. - Jed... presta atenção! Você não percebe como isso é sério. Esta é a pior coisa que você já fez!
O sorriso de Jed finalmente desapareceu.
Voltei a olhar o horrível rosto sorridente que ele havia pichado naquela aquarela de Sara. Sendo o bebê da família, Jed pensa que pode sair por aí fazendo o que quiser.
Mas eu sabia que dessa vez ele tinha ido longe demais.
Afinal, Sara é a estrela da família. Ela é a única talentosa. Aquela cuja pintura estava pendurada num museu. Mexer com a pintura preciosa de Sara foi colocar automaticamente Jed em apuros.
Sara é muito apegada às suas pinturas. Algumas vezes, até pensei em pintar algo engraçado em algum deles. Mas claro que foi pensamento. Nunca faria algo tão horrível.
- Você não precisa ter ciúmes das pinturas de sua irmã - papai disse a Jed. - Somos todos talentosos nesta família.
- Ah, claro - Jed murmurou. Ele tem esse hábito estranho. Sempre que ele está encrencado, não se diz arrependido. Ao invés disso fica muito irritado. - E qual é o seu talento, papai? - Jed perguntou, sarcástico.
Papai cerrou os dentes. Ele estreitou os olhos para Jed:
- Nós não discutindo sobre mim - ele disse em voz baixa. - Mas eu vou te dizer. Meu talento é a culinária chinesa. Veja, existem vários tipos de talentos, Jed.
Papai se considera um chefe de uoque. Uma ou duas vezes por semana, ele pica uma tonelada de hortaliças em pedacinhos e os frita na uoque elétrica que mamãe presenteou-o no Natal.
Fingimos que adoramos.
Ninguém quer ferir os sentimentos do papai.
- Jed vai ficar de castigo ou não? - Sara perguntou numa voz estridente.
Ela abriu a aquarela e um pincel caiu. Então, ela começou a pintar sobre o rosto sorridente com rápidas pinceladas, furiosa.
- Sim, Jed vai ficar de castigo - mamãe respondeu, olhando para ele. Jed baixou os olhos. - Primeiro ele vai pedir desculpas a Sara.
Nós todos esperamos.
Jed demorou um tempinho. Mas finalmente ele conseguiu murmurar, "Desculpe, Sara".
Ele começou a sair do quarto, mas minha mãe o agarrou nos ombros novamente e o puxou para trás.
- Não tão rápido, Jed - ela o avisou. - O seu castigo será o de não poder ir ao cinema com Josh e Mat no sábado. E... sem videogames durante uma semana.
- Mamãe... dá um tempo! - Jed lamentou.
- O que você fez foi muito errado - mamãe disse severamente. - Talvez essa punição faça você perceber como foi horrível o que fez.
- Mas eu tenho que ir ao cinema! - Jed protestou.
- Você não pode - mamãe respondeu suavemente. - E sem reclamar, ou vou aumentar seu castigo. Agora vá para o seu quarto.
- Não acho que este castigo seja suficiente - disse Sara, se afastando de sua pintura.
- Evite contato com ele, Sara - mamãe argumentou.
- Isso, não fale comigo - Jed murmurou. Ele saiu pisoteando até seu quarto.
Papai suspirou. Ele passou a mão por cima da cabeça careca.
- A Noite da Família acabou - ele disse tristemente.

***

Eu fiquei no quarto Sara por um bom tempo observando ela restaurar a pintura. Ela manteve a expressão de desaprovação e balançava a cabeça.
- Tenho que faz as rochas bem mais escuras, ou a tinta não vai cobri o sorriso estúpido - ela explicou, infeliz. - Mas se eu fizer as rochas mais escuras vou ter que mudar o céu. Todo o equilíbrio foi pelo ralo.
- Acho que ficou muito bom - eu disse a ela, tentando animá-la.
- Como Jed pôde fazer isso? - Sara perguntou, mergulhando o pincel na jarra de água. - Como ele pôde entrar aqui e destruir totalmente uma obra de arte?
Estava ficando com pena de Sara. Mas essa observação me fez perder toda a simpatia. Quero dizer, porque ela não podia chamar aquilo apenas de pintura em aquarela? Por que tinha que chamar de "uma obra de arte"?
Às vezes ela tão obcecada e apaixonada por ela mesma, que isso me irrita.
Virei-me e sai da sala.
Andei pelo corredor até meu quarto e chamei minha amiga Guida. Nós conversamos um pouco sobre várias coisas. Nós combinamos de nos encontrar no dia seguinte.
Falando no telefone, eu conseguia ouvir Jed em seu quarto ao lado. Ele estava andando de lá para cá, jogando as coisas ao redor, fazendo muito barulho.
Às vezes eu soletrava "Jed F-E-D-E-L-H-O".
O pai de Guida a fez sair do telefone. Ele é bem estrito. Nunca deixa ela falar por mais de dez ou quinze minutos.
Eu fui à cozinha e preparei uma tigela de sucrilhos. Meu lanche da tarde favorito. Quando eu era criança, costumava comer uma tigela de sucrilhos, todas as noites antes de dormir. E eu nunca perdi esse hábito.
Lavei a tigela. Então eu disse boa noite para mamãe e papai e fui para cama.
Era uma noite quente de primavera. Uma brisa suave agitava as cortinas sobre a janela. A luz pálida de uma grande meia-lua entrava pela janela e derramava no chão.
Eu caí num sono profundo, assim que minha cabeça bateu no travesseiro.
Um pouco mais tarde, algo me acordou. Não sabia o que era.
Ainda meio adormecida, pisquei os olhos abertos e me levantei do travesseiro. Esforcei-me para ver claramente.
As cortinas bateram sobre a janela.
Senti-me como se ainda estivesse dormindo, sonhando.
Mas o que vi na janela me fez acordar de vez.
As cortinas se ondulava, e em seguida, se levantavam.
E, à luz prateada, eu vi um rosto.
Um horrível rosto sorridente na janela do meu quarto. Olhando fixamente através da escuridão para mim.

escrito por: R.L. Stine
traduzido por: Kalel Pessanha

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